O Pembrolizumabe, medicamento que teve 79 caixas furtadas da farmácia do Departamento Regional de Saúde em Campinas (DRS VII), é um imunoterápico ultramoderno usado contra vários tipos de cânceres, como o de pulmão, pele, laringe, faringe, estômago e bexiga.
Cada caixa do produto custou aos cofres do governo de São Paulo R$ 14.401,35, totalizando R$ 1.137.706,65 de prejuízo.
A Polícia Civil investiga o caso e a Secretaria Estadual de Saúde diz vai remanejar o medicamento de outras regiões aos pacientes afetados e afirmou que colabora com as investigações. Veja a nota completa abaixo nesta reportagem.
‘Maior eficácia’
O médico oncologista Fernando Medina, diretor técnico do Centro de Oncologia de Campinas (COC), explicou que o Pembrolizumabe é uma injeção imunoterápica aplicada em clínicas de oncologia ou hospitais.
“Ele é o medicamento de maior eficácia contra vários tipos de tumores. Ele é o hoje o carro-chefe da imunoterapia”, explicou Medina.
Segundo o oncologista, o Pembrolizumabe é um tratamento ultramoderno. Instituído nos últimos dez anos aqui no Brasil, ele estimula o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas. Sem o remédio, pacientes podem ter prejuízos no tratamento, diz o médico.
“Hoje o único tratamento para o câncer melanoma metastático, que é um câncer de pele, é feito através da imunoterapia. E, dentre as imunoterapias, a primeira linha de tratamento é com o Pembrolizumabe, ou seja, não tendo esse remédio o paciente fica praticamente sem tratamento”.
Ainda fora do SUS
Apesar da eficácia, Medina relatou que é um medicamento que ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), por isso, acredita que as caixas furtadas da farmácia do estado eram de pacientes que conseguiram o remédio por conta de ordens judiciais.
“O Pembrolizumabe é um medicamento de altíssimo custo. No Brasil, o preço dele varia de R$ 16 mil a R$ 24 mil por caixa. E, geralmente, o paciente precisa tomar duas injeções a cada 21 dias, dependendo da dose e do peso”, detalhou.
Risco de perder a eficácia
Medina explicou que o Pembrolizumabe depende de armazenamento em geladeiras, por isso, teme que, quem ‘comprar’ eventualmente esses remédios no mercado paralelo, não o encontre com a eficácia necessária para o tratamento.
“O que eu fico mais preocupado é com o indivíduo que vai comprar esse remédio furtado pela metade do preço e não sabe se o medicamento foi armazenado adequadamente”.
Furto aconteceu no final do ano passado
O furto de 79 caixas do medicamento contra o câncer foi comunicado à Polícia Civil nesta quinta-feira (4) por uma diretora do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS VII), órgão do governo do estado. Cada caixa do produto custou aos cofres do governo R$ 14.401,35, totalizando R$ 1.137.706,65 de prejuízo.
Segundo o boletim de ocorrência, os funcionários da farmácia do estado perceberam o furto na geladeira da unidade no último dia 27 de dezembro. A representante do estado disse à polícia que no local existem duas câmeras de segurança, porém uma estava desligada e a outra desfocada.
“Por fim relata [a representate] que não existem danos nas portas ou qualquer vestígios de arrombamento, que o local possui outras câmeras instaladas, bem como equipe de segurança e controle de acesso”, diz trecho do BO.
O que diz a secretaria estadual de Saúde?
Em nota, a pasta se limitou a dizer que, “assim que teve conhecimento de que se tratava de um furto, tomou todas as providências cabíveis, incluindo o registro do Boletim de Ocorrência e a abertura de um novo processo licitatório para a aquisição dos medicamentos”.
“O DRS também fará o remanejamento do item de outras regiões para suprir a demanda. O local possui controle de entrada e saída de pessoas 24 horas e câmeras de segurança, cujas imagens foram fornecidas à polícia. O DRS está colaborando com as investigações para que as circunstâncias do caso sejam esclarecidas”, diz a nota.
Polícia Civil vai investigar
O caso foi registrado no 1º Distrito Policial de Campinas, que deve investigar o caso. Segundo a Polícia Civil, imagens de câmeras de segurança já foram requisitadas ao Departamento Regional de Saúde.