Jovem morta a tiro pelo namorado em Mogi Mirim é 16ª vítima de feminicídio na região em 2023

A morte de uma jovem de 19 anos que teria sido baleada pelo namorado na madrugada desta sexta-feira (29), em Mogi Mirim (SP), foi registrada pela Polícia Civil como feminicício. É o 16º caso na região.

De acordo com o boletim de ocorrência Isabelli Aparecida Ribeiro da Silva, que era filha de um guarda municipal, foi levada já sem vida até a UPA de Mogi Mirim por volta das 5h20 da madrugada. Dois homens apresentaram a vítima à equipe médica, com informações desencontradas – um estava no veículo do lado de fora. A polícia foi acionada.

Policiais civis que estiveram no local identificaram uma lesão de entrada na região abdominal, possivelmente de arma de fogo, e nenhuma lesão de saída. O corpo foi encaminhado ao IML.

Investigadores de posse das imagens de segurança da UPA identificaram os dois homens que levaram Isabelli à unidade médica, um deles apontado como seu namorado, Guilherme Henrique Bilu, e um outro homem tratado como testemunha.

Ele teria alegado aos policiais que ele e o casal fazia consumo de drogas na região do “bar do gambá”, e que após terem deixado o local, teria ouvido a discussão do casal e depois o disparo, tendo corrido de encontro a Guilherme, que, segundo o homem, teria pedido ajuda para socorrê-la.

Os policiais foram até a casa do suspeito, onde foram apreendidas munições de um revólver calibre 22 e anotações que seriam referentes ao tráfico. Guilherme não foi localizado.

O caso foi registrado como feminicício no plantão da Delegacia Seccional de Mogi Guaçu, e as investigações prosseguem pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Mogi Mirim. O g1 não conseguiu localizar a defesa do suspeito.

Feminicídios em 2023 na região de Campinas

Campinas (SP) é a cidade da área de cobertura do g1 Campinas que mais registrou ocorrências de feminicídio em 2023, com cinco casos. Hortolândia, Mogi Guaçu, Mogi Mirim e Sumaré têm dois casos cada neste ano, enquanto Indaiatuba (SP), Monte Mor (SP) e Itapira (SP) têm um cada.

E as ocorrências notificadas mostram que a violência contra a mulher não tem idade. Com 19 anos, a influenciadora digital Micaelly Lara e Isabelli da Silva foram as vítimas mais jovens de feminicídio neste ano, enquanto Vera Lúcia Tezzaro Momesso, de 69 anos, a mais velha.

Plantão policial de Mogi Guaçu onde o caso foi registrado — Foto: Reprodução EPTV

Veja, abaixo, um resumo dos feminicídios na região de Campinas em ordem cronológica.

  • Regina Lima da Silva Costa, de 40 anos, foi a primeira vítima de feminicídio na região em 2023. Ela foi morta a facadas e marteladas pelo marido e seu corpo foi encontrado dentro de um tanquinho de lavar roupas na casa onde morava, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, no dia 2 de janeiro. O autor foi preso e confessou o crime.
  • Georgeliana de Lima, de 38 anos, foi morta pelo companheiro em 12 de janeiro, no Jardim Eulina, em Campinas. Segundo o registro da ocorrência, o homem disse que discutiu com a mulher sobre ela usar drogas enquanto ele estava no trabalho. Durante a briga, ele pegou uma faca e esfaqueou a vítima. Ele foi preso em flagrante.
  • Luana Bezerra de Souza de Lima, de 29 anos, foi encontrada morta na casa onde morava, no Jardim Bela Vista, em Sumaré, no dia 22 de janeiro. De acordo com a polícia, o corpo da vítima tinha sinais de sufocamento. Ex-companheiro, Jorge Diniz Andrade confessou o crime e foi preso.
  • Maria Aparecida Soares Mendes de Oliveira, de 25 anos, foi morta a facadas pelo companheiro no bairro Igaçaba, em Mogi Guaçu, em 13 de fevereiro. Ela estava com a filha no colo e a entregou para a sogra antes de ser assassinada na própria casa. O autor, Caio Renan Mendes de Oliveira, de 27 anos, tentou se matar depois do crime.
  • Roberta Rodrigues dos Santos Correia, de 30 anos, foi morta a facadas por Cleverson da Silva Correia, de 39 anos, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, na noite de 21 de fevereiro. Ela foi agredida pelo companheiro em casa enquanto um dos dois filhos do casal dormia em um quarto. Segundo uma amiga, a vítima havia pedido o divórcio.
  • Stefani Cardoso dos Santos, de 20 anos, foi morta a tiros pelo ex-companheiro no bairro Jardim São Clemente, em Monte Mor, no dia 20 de abril. A jovem chegou a ser socorrida e levada ao hospital, mas não não resistiu aos ferimentos. Ela tinha uma medida protetiva contra o ex, que chegou a fugir, mas foi preso.
  • Vera Lúcia Tezzaro Momesso, de 69 anos, foi morta com um tiro pelo marido dentro da casa onde eles moravam, no bairro São Carlos, em Mogi Guaçu, na noite de 30 de abril. Jairo Momesso, de 77 anos, foi preso em flagrante na residência e confessou o crime. Eles estavam juntos há 52 anos, segundo relato do filho à polícia.
  • Lenita Maria Furlan, de 26 anos, foi morta a pauladas junto de um rapaz de 23 anos, dentro de uma casa no Jardim Juscelino Kubitschek, em Indaiatuba, no dia 5 de maio. Suspeito do crime, namorado da vítima se entregou e foi preso em flagrante.
  • Micaelly dos Santos Lara, de 19 anos, foi morta com um tiro pelo ex, dentro do carro dele no Jardim Santa Clara do Lago II, em Hortolândia, na noite de 15 de maio. David Aparecido da Silva Alves, que tinha cadastro como Colecionador, Atirador Esportivo e Caçador (CAC).
  • Dalila Mosciati, de 37 anos, foi levada morta ao hospital Samaritano, em Campinas, com sinais de estrangulamento. O caso ocorreu no dia 17 de maio. O marido, Eduardo Vieira Cintra, foi preso em flagrante pelo crime, registrado como feminicídio. Um parente da vítima alegou que Eduardo tinha problema com drogas e era uma pessoa frustrada financeiramente.
  • Fabiana Alves Gastardão, de 43 anos, foi morta com golpes de faca e martelo pelo ex-companheiro no Jardim Aeroporto, em Campinas, no dia 22 de maio. O autor cometeu suicídio na sequência. A vítima tinha uma medida protetiva contra o ex, por agressão. Segundo parentes, o casal ficou junto por 25 anos e estava separado havia um mês, mas ele não aceitava o fim do relacionamento. Fabiana deixou dois filhos.
  • Cristiane Pereira, de 52 anos, foi morta pela namorada com uma facada na região do tórax, na noite de 23 de maio, na Vila Operário, em Sumaré. De acordo com a Polícia Civil, a autora confessou o crime e foi presa. O motivo do crime seria uma discussão por ciúmes. A vítima havia registrado, dias antes, um boletim de ocorrência contra Eliane Américo Pereira, de 56 anos, após levar uma facada no pescoço. Mesmo se tratando de uma relação homoafetiva, o caso se caracteriza como feminicídio – entenda.
  • Gabriele Cristina Batista Pinto, de 25 anos, foi encontrada morta em uma casa incendiada em Mogi Mirim (SP) no dia 12 de julho. Segundo apurações da polícia, ela foi assassinada pelo namorado, com quem tinha casamento marcado, que teria ateado fogo e depois se matou.
  • Tamires Roberta do Nascimento, de 30 anos, foi morta pelo namorado em frente à filha, de 16 anos, na madrugada de 2 de dezembro, no Jardim Guarujá, em Itapira . Segundo a Polícia Militar, a vítima foi encontrada com golpes de faca no quarto da casa onde morava. O suspeito teria tentado suicídio, mas foi socorrido e encaminhado ao hospital municipal.
  • Alice Cristina Dudas Soares, de 23 anos, foi encontrada morta junto com a filha de 1 ano, Eloá Dudas Soares, no dia 13 de dezembro, dentro de casa no bairro Campos Verdes, em Hortolândia. O marido da vítima, que também é pai da criança, é o principal suspeito do crime, de acordo com a investigação. Ele foi indiciado por feminicídio e homicídio da bebê.
  • Isabelli Aparecida Ribeiro da Silva, de 19 anos, foi levada morta à UPA de Mogi Mirim na madrugada de 29 de dezembro. O suspeito do crime é o namorado, que teria feito o disparo contra a jovem após, segundo testemunhas, uma discussão – eles teriam consumido drogas.

    Fonte: G1/Campinas

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