Responsável pela maior fatia do emprego com carteira assinada na Região Metropolitana de Campinas (RMC), o setor de serviços enfrentou um mês difícil em junho. Dados divulgados nesta terça-feira (30) pelo Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, revelam que a área perdeu 1.025 postos de trabalho no período.
Esse desempenho negativo contribuiu para um saldo total desfavorável na região de Campinas, que registrou 745 demissões a mais do que novas contratações em junho. Apenas os setores de comércio (+283) e agropecuária (+17) apresentaram saldo positivo no mês.
Comparando com o mesmo período de 2023, a RMC também havia perdido vagas (-738), embora a queda anterior fosse em parte atribuída ao fim de contratos no setor agropecuário, um fenômeno sazonal. Naquele ano, o setor de serviços havia gerado 1.491 novas vagas.
A economista Eliane Navarro Rosandiski, do Observatório PUC-Campinas, vê os números de junho como um sinal de alerta. Ela atribui o desempenho ruim a fatores macroeconômicos, especialmente a discussão sobre a taxa básica de juros. Em junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, encerrando um ciclo de cortes que havia começado em agosto de 2023, quando a Selic estava em 13,75%.
“Não é uma situação de paralisia, mas de cautela”, afirma Eliane. “Em Campinas, há uma grande participação do emprego em serviços complementares, e em um período de incerteza econômica, o setor produtivo entra em compasso de espera. Claramente, esse comportamento reflete a situação econômica.”
A economista destaca que o mercado de trabalho é um reflexo da percepção do setor produtivo sobre a conjuntura econômica. “A economia começou a melhorar com a sinalização de que a taxa iria baixar. Quando há instabilidade, o efeito é negativo. No entanto, o Banco Central afirmou que não aumentará a taxa e tentará manter o déficit sob controle, o que são esforços para reduzir a incerteza do mercado”, analisa Eliane.
Em Campinas, maior cidade da RMC, o setor de serviços desempenha um papel crucial, especialmente com os chamados “serviços complementares”, que envolvem contratos terceirizados e foram responsáveis por boa parte das novas contratações nos últimos meses.
O setor de serviços é responsável por 46,7% dos empregos na RMC, o que significa que, a cada 100 trabalhadores com carteira assinada, 46 atuam na área. Em contraste, a indústria ocupa o segundo lugar com 25,1% dos empregos, seguida pelo comércio com 20,6%.
Apesar da queda em junho, o desempenho acumulado no primeiro semestre de 2024 é positivo. A região gerou 25.134 novas contratações nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 11,4% em relação aos 22,5 mil empregos criados no mesmo período de 2023.
*Com informações do G1 Campinas.