Ciep da Praia Azul discute “africanidade” com alunos do 5º ano

O Ciep Milton Santos, localizado no bairro Praia Azul, desenvolveu na tarde desta terça-feira, 20 de novembro, a oficina Africanidades com 110 alunos de quatro turmas do 5º ano. Aproveitando o Dia da Consciência Negra, a escola abriu espaço para alunas do Ensino Médio da Escola Estadual Ornela Rita Ferrari Sacilotto, que, após uma pequena explanação e a exibição de um tutorial, ensinaram os adolescentes a confeccionar bonecas de pano conhecidas como Abayomi, símbolo de resistência da mulher negra.

Segundo as professoras de História do Ciep e responsáveis pela disciplina nessas turmas, Aline Cândido Xavier, Alyne Beatriz Rodrigues, Bianca Galesi e Fernanda V.S.Dias, o principal objetivo da atividade é valorizar a marca africana na cultura brasileira, bem como favorecer o respeito à identidade dos povos africanos e o reconhecimento da igualdade entre os povos. Além disso, o trabalho propiciou o intercâmbio dos alunos do Ciep com estudantes de outra escola. “É aluno ensinando aluno”, segundo definição de Rebeca Galesi Canelo, que cursa o Ensino Médio na Escola Ornela Sacilotto e que teve a ideia de desenvolver esse trabalho, sob coordenação das professoras Helena Cristina Ferreira e Adriana Martins.

Após a exibição do tutorial, os alunos receberam pedaços de tecido e confeccionaram suas próprias bonecas Abayomi, termo que significa “encontro precioso” em iorubá, uma das maiores etnias do continente africano com população espalhada por Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim. Para agradar os filhos durante as viagens nos navios negreiros, as mães africanas rasgavam retalhos de suas roupas e criavam pequenas bonecas feitas de tranças e nós. Sem costura, essas bonecas não possuem sinais de olho, nariz ou boca para favorecer o reconhecimento das diversas etnias africanas.

A cultura africana faz parte do conteúdo da disciplina de História do 5º ano do Ensino Fundamental, quando é discutida a constituição da sociedade brasileira. Neste ano, os alunos também montaram dois painéis com fotos e textos explicativos que retratam personalidades negras que, a despeito de toda adversidade, conquistaram papéis de destaque no campo da ciência, artes e esportes, entre outros, como os atores Mussum e Lázaro Ramos, o músico Pixinguinha, o escultor Aleijadinho, o escritor Machado de Assis, o juiz Joaquim Barbosa e o geógrafo, Milton Santos, que dá nome à escola e que foi o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Vautrin, considerado o Nobel da Geografia.

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