O secretário de Cultura e Turismo de Americana, Fernando Giuliani, esteve na manhã desta quinta-feira (25), acompanhando os ajustes finais das obras de restauração da Estação Cultura, antiga estação ferroviária da cidade, inaugurada em 1875 pelo imperador Pedro II e que hoje abriga um centro cultural.
A Estação Cultura vem passando por uma reforma desde dezembro de 2019. Avaliadas em R$ 800 mil, as intervenções são administradas pela Secretaria de Cultura e Turismo e custeadas pela empresa Rumo Logística. A entrega da Estação Cultura restaurada acontece na próxima terça-feira, dia 30 de novembro, às 9h30.
A visita foi acompanhada pelo senhor Benedito Manoel Nunes Filho, o último chefe de estação que trabalhou no local antes que fosse encerrado o transporte de passageiros. Bastante animado, seu Nunes, como é mais conhecido, elogiou a iniciativa de restaurar o prédio. “A estação é um marco para a cidade, que cresceu em torno da ferrovia. Por isso, deve ser bem cuidada. Americana tinha uma das principais estações do eixo Jundiaí/São José do Rio Preto. Aqui na região, só perdia para a estação de Campinas”, disse.
Seu Nunes trabalhou 28 anos em estações ferroviárias, 13 deles em Americana, onde exerceu a função a partir de 1986. Nesse período de quase três décadas, passou por Nova Odessa, Piracicaba, Americana, Rio Claro e Campinas. Segundo ele, a paixão por ferrovias vem desde a infância, quando frequentava a Estação de Baguaçu, em Pirassununga.
Ele lembra com saudades dos tempos em que a estação ferroviária de Americana vivia cheia de gente. “O movimento era muito bom; por aqui passavam cerca de 40 mil passageiros por mês, que viajavam para São Paulo e para cidades do interior.”
Nos tempos áureos, a estação ferroviária local possuía 16 funcionários, segundo seu Nunes. “A degradação do setor começou em 1995. Com os planos de privatização, o número de colaboradores foi sendo enxugado e não havia mais condições de oferecer a mesma qualidade dos serviços. Depois foi diminuindo a quantidade de horários disponíveis para as viagens. E tudo isso foi afastando os passageiros. Até que em janeiro de 2001, as viagens de passageiros passaram a ocorrer somente às quartas-feiras e, em março do mesmo ano aconteceu a última viagem”, relembrou.
Seu Nunes lembra um fato curioso. Todo sábado, às nove horas da manhã, Campinas disparava um alarme e os relógios de todas as estações desse ramal eram ajustados. “Tinha cidadão que vinha conferir o relógio da estação para ajustar o seu.”
Para o futuro, seu Nunes não acredita no retorno das viagens de passageiros. “Acredito que não volta mais. Mas acho que há espaço para a implantação de trens turísticos. A história não pode morrer, temos que conservar esse que foi o primeiro meio de transporte. Não podemos depredar”, conclui.