Quem contrata financiamento de veículos está pagando mais caro no estado de São Paulo. Uma pesquisa do Serasa apontou que o valor médio de parcelas em financiamentos de carros aumentou 10,54% em um ano no estado de São Paulo.
A pesquisa tomou como base o mês de março e foi identificado um aumento na média das parcelas de R$ 1.072 em 2023 para R$ 1.185 reais neste ano.
Para reverter, ou pelo menos amenizar este cenário, vendedores e clientes procuram alternativas como aceitar motos como parte do parcelamento e até dividir o pagamento em máquinas de cartão de crédito.
“O foco principal seria o automóvel, mas hoje eu esto pegando alguma coisa de moto também para tentar viabilizar essa negociação e fazer de uma forma que as parcelas fiquem menores para o cliente e ele consiga absorver e fechar a compra do automóvel”, conta Emerson Vetaca, dono de uma concessioária de Campinas (SP).
Outro dado levantado foi o cadastro positivo dos consumidores, e também apresenta queda ao detalhar a pontualidade do pagamento. Em 2023, 84,6% dos compradores conseguiram pagar as parcelas em dia. Já neste ano, o número caiu para 80,3%. Ou seja, mais pessoas não são capazes de quitar a dívida do prazo do boleto de financiamento.
Pesquisa do Serasa mostra que preço médio da parcela do financiamento do carro teve alta de 10.54% de 2023 para 2024 — Foto: Reprodução/EPTV
📉 ⏱ Pontualidade
Os dados do cadastro positivo da Serasa mostram que pessoas com renda acima de 10 salários mínimos tem uma taxa de pontualidade de 91,3% no pagamento das parcelas.
Por outro lado, aqueles que ganham em média um salário mínimo tem taxa de pontualidade de 59,9%. Ou seja, quase 40% atrasa e gasta ainda mais com juros e multas. Situação que tem levado muitos clientes a não querer mais financiar.
“Eu prefiro guardar e depois comprar. Eu dei o meu antigo e a diferença eu paguei à vista. Não faço financiamento de carro, é muito caro” , fala a auxiliar administrativa Rose Silva.
Para o economista Luiz Rabi, os juros altos e inadimplência no financiamento de veículos são assuntos entrelaçados. Bancos aumentam os juros com medo de calotes, mas as parcelas mais caras dificultam a vida do cliente que deseja pagar em dia.
“O crédito vem primeiro e a inadimplência vem depois, mas chega um ponto em que essas variáveis acabam se confundindo e se misturando […] se nós não trabalharmos para reduzir a inadimplência, veremos dificilmente as taxas de juros caírem no Brasil. A pontualidade está caindo, o que revela que o brasileiro está com mais dificuldades de manter seus pagamentos em dia”, explica.
Pesquisa do Serasa mostra que preço médio da parcela do financiamento do carro teve alta de 10.54% de 2023 para 2024 — Foto: Reprodução/EPTV
🚙🏍️ Carro em troca de moto
Em uma loja em Campinas (SP), o dono de uma concessionária, Emerson Vetaca, percebeu que entre as vendas da loja, sete de dez clientes dependem de financiamento. No entanto, aponta que para carros de até R$ 30 mil reais é muito difícil lidar com as taxas altas, pois elas geram parcelas muito caras.
“Ele vai praticamente dobrar o valor do carro se pegar um financiamento”, diz.
E conta que, eventualmente, a alternativa tem sido receber aceitar motocicletas de entrada, ou parcelar em até 20 vezes com os juros da maquininha do cartão.
Conclui defendendo que se a taxa de juros estivesse um pouco menor, o mercado poderia estar mais aquecido e “consequentemente vendendo o dobro do que a gente vende aí, tranquilamente”.
Pesquisa do Serasa mostra que preço médio da parcela do financiamento do carro teve alta de 10.54% de 2023 para 2024 — Foto: Reprodução/EPTV
💲🚗 Carro de R$ 78 mil que vira R$ 130 mil
A cantora Nallu Villea conta que quando comprou o carro que utiliza atualmente, deu como entrada o antigo, que a concessionária avaliou em R$ 48 mil. No entanto, para comprar o novo veículo por R$ 78 mil, precisou fazer um financiamento no banco. Somando entrada e parcelas, o custo efetivo total do financiamento ficou em R$ 130 mil.
O talão exibe parcelas fixas de mais de 1.700 reais mensais, um financiamento com juros que a cantora considera super altos. Mas para diz que não existe opção, pois precisa do carro para o trabalho.
“Na minha profissão, eu preciso ter um carro que não me dê muita manutenção por causa das viagens que faço, eu carrego muito equipamento de som no meu carro”, fala.