Vereador de Sumaré admite ter matado homem e alega que era ameaçado pela vítima

Em depoimento à Polícia Civil, o vereador Sirineu Araújo (PL), de Sumaré, admitiu ter matado Rafael Emídio da Silva em 19 de agosto, em uma rua movimentada na região do Maria Antônia. O parlamentar alegou que era ameaçado de morte pela vítima, que tinha passagem pela polícia por diversos crimes, inclusive homicídio.

Sirineu falou com a polícia em 22 de agosto, na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana. Após o depoimento, ele foi liberado.

O vereador disse que, por ter uma padaria no Jardim dos Ipês, conheceu Rafael e a família dele, que moravam no bairro.

Segundo o depoimento, em determinado momento, Rafael teria saído temporariamente da prisão e começou a frequentar a padaria, onde sempre pedia cigarros, bebidas e dinheiro ao parlamentar, que cedia aos pedidos. Sirineu contou que costumava dar R$ 50 para ajudá-lo, pois Rafael estava desempregado.

O vereador declarou que, a partir de um certo período, parou de ceder aos pedidos, motivo pelo qual Rafael teria passado a ameaçar Sirineu e sua família de morte, por meio de ligações e mensagens. O parlamentar afirmou que também recebia ameaças anônimas.

O vereador disse ter pedido à GCM (Guarda Civil Municipal) para que disponibilizasse um guarda para fazer sua segurança pessoal, mas a solicitação não foi atendida, em razão do baixo efetivo.

De acordo com Sirineu, outra justificativa usada pela corporação foi o “problema emergencial” referente à segurança escolar – na época, havia uma preocupação geral devido à sequência de ataques em escolas que haviam acontecido no País.

Revólver utilizado pelo vereador Sirineu Araújo para matar homem foi recuperado pela polícia – Foto: Reprodução

Dia do crime

Sirineu afirmou que, em 19 de agosto, transitava com sua camionete em ritmo desacelerado, a caminho de sua padaria no Jardim dos Ipês, quando Rafael apareceu de surpresa

Rafael colocou a cabeça na janela do passageiro e disse que precisava entrar, pois precisava acertar uma conta com Sirineu, conforme consta no depoimento. O vereador disse ter estacionado o veículo e alegou que, a todo instante, pedia calma a Rafael.

Em determinado momento, segundo o parlamentar, Rafael ergueu a blusa, e foi possível ver um revólver em sua cintura. Um outro homem interveio e entrou em luta corporal com Rafael, momento em que a arma caiu ao chão, de acordo com Sirineu.

O vereador afirmou que pegou o revólver e que, quando Rafael “esboçou uma reação” de ir até sua direção, efetuou vários disparos contra ele.

O parlamentar contou que, depois, entrou em sua camionete. Segundo Sirineu, mesmo baleado, Rafael se levantou e atravessou na frente do veículo. O vereador deu partida e o atropelou, mas disse só no dia seguinte, por meio de notícias veiculadas nas redes sociais, tomou conhecimento de que realmente tinha passado por cima da vítima.

Ele contou que, depois dos acontecimentos, arremessou a arma para fora do veículo às margens da Rodovia Anhanguera (SP-330). Quando se apresentou na delegacia, Sirineu indicou a localização do revólver para a polícia, que conseguiu encontrá-lo.

Vítima tinha nove perfurações por tiros

Conforme lado do IML (Instituto Médico Legal), Rafael tinha nove perfurações causadas por arma de fogo: três na região do tórax, uma no abdômen, uma no antebraço esquerdo, três na coxa direita e uma na panturrilha esquerda. Um disparo também pegou de raspão no glúteo esquerdo. Ele sofreu fraturas em diferentes locais do corpo.

Durante perícia, foram localizadas manchas de sangue na parte inferior da caminhonete, além de munições intactas no dentro do veículo. A DIG ainda investiga o caso.

Procurado pela reportagem, Sirineu, que é investigado pela polícia e chegou a ficar afastado por 60 dias da câmara, não quis se manifestar. O LIBERAL também questionou a GCM, por meio da assessoria da imprensa da prefeitura, sobre o pedido que teria sido feito pelo vereador, mas não obteve retorno.

No depoimento, ele também afirma ter levado ao conhecimento da câmara, por meio de requerimentos, as ameaças que recebia, mas nada teria sido feito pelo Legislativo.

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